Rússia estuda se isolar da internet para evitar ciberataques

O famoso botão que desliga a internet pode entrar em fase de testes na Rússia em algum momento dos próximos dois meses, ou quase isso. O país estaria em fase de experimentação de um sistema capaz de isolar completamente a rede em caso de ciberataques e outras ameaças à segurança nacional, desconectando a nação completamente de qualquer acesso ou serviço vindo de fora.

A ideia por trás da Rusnet, a rede independente russa, já está nos planos do governo há anos, mas agora se aproxima da fase de implementação. Ela funcionaria, ao mesmo tempo, como uma conexão interna e também um mecanismo de controle. Em caso de ataques em massa, principalmente mirando a infraestrutura do país, a internet poderia ser “desligada”, bloqueando qualquer acesso vindo de fora ou no sentido oposto. Ao mesmo tempo, sites locais e serviços básicos como e-mails ou mensageiros permaneceriam funcionando apenas para comunicação entre os cidadãos.

Entretanto, a implantação da Runet também traz outras questões. Desde a revelação da iniciativa, partidários da liberdade de discurso apontam para os danos causados à democracia por uma internet controlada. O exemplo mais próximo é o Irã, onde os usuários da intranet local precisam se registrar junto ao governo para usar a rede. O país também desligou a rede durante protestos contra o governo, da mesma forma que a Síria.

É uma situação enfrentada por Vladimir Putin desde 2011, quando detonaram os primeiros protestos contra seu governo motivados por uma agitação nas redes sociais. Por mais que atos diretos de controle de internet sejam desconhecidos oficialmente, é sabido que a Rússia já exerce grande controle informativo sobre seus cidadãos e, com a chegada da Rusnet, isso só tende a aumentar.

Seja como for, ainda não há informação oficial sobre o teste de desligamento da internet, que contaria com a participação de empresas de telecom locais e setores do governo. Essa união também já levou a um maior controle do tráfego em si, com todas as informações trafegadas nas redes sendo redirecionadas a pontos sob o controle da autoridade de comunicações russa, que pode bloquear conteúdo proibido e usar as informações em investigações, além de garantir que as trocas entre cidadãos não sejam redirecionadas para fora do país.

O Kremlin não se pronunciou oficialmente sobre a iminência dos testes, mas parece lógico que a população será avisada com certa antecedência sobre um eventual desligamento. Ou não, já que partidários da liberdade da internet já apontam para um golpe ainda maior sobre a já frágil democracia russa.

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