Lá vamos nós para mais uma lista. E, agora, fugindo um pouco do cinema, dos filmes de fato. O foco são as séries, mas somente aquelas que são originais da Netflix desde a primeira temporada. Então, algumas das mais queridas e cheias de fãs – como Black Mirror, Vikings, Rick and Morty e tantas outras – estarão de fora.
Como sempre, é bom deixar claro que listas não são unânimes. Na verdade, a intenção nunca deve ser essa. Escolher as “melhores” é uma questão subjetiva e completamente mutável. É um processo que depende da vivência, da trajetória pessoal, da vida privada, da idade – consequentemente da sua maturação… Mesmo assim, é sempre divertido assistir e escolher os títulos para chegar a um resultado minimamente aceitável (por mais que seja diferente de outros).
Pensando nas diversas possibilidades, resolvi trazer tudo para a primeira pessoa dessa vez, para ficar ainda mais claro que uma lista é pessoal. Assim, deixei de lado aquelas que são quase que indiscutivelmente boas e que são extremamente populares e resolvi utilizar a lista como indicação das melhores séries um pouco menos conhecidas. Difícil… porque as melhores geralmente acabam ficando muito populares a qualquer momento.
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E é óbvio que, no campo para comentários, toda indicação será bem-vinda! Como de costume, podemos tentar ir fazendo uma espécie de corrente. Assim, mais e mais boas séries poderão chegar a todos.
Lembrando: todas as séries da lista são originais da Netflix desde a primeira temporada.
5. The Get Down
Criada por Baz Luhrmann (que entre outros marcos para o cinema dirigiu o musical Moulin Rouge: Amor em Vermelho) e Stephen Adly Guirgis (ator que fez parte do elenco do indicado ao Oscar 2019 Vice), The Get Down foi uma aposta arriscada da Netflix. Mesmo com o orçamento elevado, a série – que carrega parte do hip-hop da periferia de Nova York com muita propriedade – acabou não vingando e sendo cancelada após as duas partes da sua primeira temporada. Se alguns detalhes recebem um tratamento típico de Luhrmann e, por isso, podem ser vistos como exagerados (há um tiroteio regado à ópera italiana que é um exemplo claro disso), outros pontos funcionam com uma força que consegue elevar o nível de uma forma extremamente cinematográfica. Muito em The Get Down é linguagem de cinema, o que faz a série ser, provavelmente, mais detalhista em seu visual do que a maioria.
4. BoJack Horseman
O maior trunfo dessa série animada talvez seja a sua camada de despretensão para com os tópicos que aborda. Vagando pela sátira com um humor ácido, BoJack Horseman consegue fazer com que cada um dos temas que toca seja aprofundado na mente de quem a assiste… sem nunca tentar se aprofundar de fato. Assim, não há questões sendo pretensiosamente levantadas, não há debates para que o assunto seja digerido pelo seu público. O que passa em seus episódios é um retrato da vida, é a vida como ela é, só que protagonizada por animais não-humanos (a maioria) em corpos de gente (às vezes nem tanto). É como se a série dissesse: Nós todos somos, antes de tudo, animais – e, nesse contexto, há o humano Todd (que, no original, tem a voz de Aaron Paul – o Jesse Pinkman de Breaking Bad) misturado por ali.
Cada dilema moral, existencial, amoroso é exposto de uma maneira natural que fica difícil não se ver em algum momento, o que faz a identificação com uma cabeça de cavalo, de gato, de tartaruga, de peixe e até mesmo de um homem ser mais do que verdadeira. Ah! A dublagem brasileira é fantástica, sendo os nossos dubladores do elenco principal: Hércules Franco (BoJack), Guto Nejaim (Todd), Raphael Rossatto (Sr. Peanutbutter), Marcela Duarte (Diane) e Marcia Coutinho (Princesa Caroline).
3. Big Mouth
Segunda animação da lista, mas não é por menos. Big Mouth trata do tema da entrada na adolescência, da puberdade, com uma segurança sem tamanho – o primeiro episódio, por exemplo, chama-se O milagre da ejaculação. É um trabalho difícil e que pode incomodar, mas tem uma coragem para fazer refletir que é completamente fora do comum. Talvez falhe por desenhar os seus personagens de uma maneira costumeiramente infantil. Corpos pequenos, cabeças enormes e olhos grandes e expressivos costumam, em comparação a outras séries adultas, atrair os pequenos – o que pode ser irresponsável. Nesse sentido, vale perceber o desenho de outras animações para adultos da Netflix, como F is for Family e de uma queridinha (e genial) que consta no catálogo da gigante do streaming: Rick and Morty.
2. Dark
Livre arbítrio ou determinismo? O gatilho para toda uma história que inicialmente parece complexa é tão engenhoso quanto aquilo que guia os seus personagens: o mistério. Ninguém em Dark está livre de dubiedades ou a salvo por qualquer questão unidimensional. Os conflitos são tão importantes nessa série alemã que, de alguma maneira, são eles que definem as verdadeiras faces dos personagens; faces verdadeiras que conseguem traçar paralelos com os maiores enigmas a serem descobertos. Dark é uma ficção científica inteiramente atrelada a questões humanas, exatamente como as melhores obras do gênero.
1. Making a Murderer
Making a Murderer, muito bem lembrada por uma leitora (Val) em outra lista, é, talvez, das séries mais necessárias do catálogo inteiro da Netflix. Devastadora e completamente consciente de suas intenções, a série consegue, a cada episódio, revelar sem piedade preconceitos e contradições de um universo que acaba se mostrando como a verdade de muitos áreas. A identificação pode ser instantânea e, por isso, assustadora. Com um material de arquivo poderoso, Making a Murderer solidifica um sentimento destruidor, o de que os menos favorecidos dificilmente ganham. É uma série essencial e que, de quebra, ainda traz o fato de que o sentimento de impunidade é dos mais dolorosos. Acrescenta-se a tudo o fato de que, há poucas semanas, a advogada de defesa do caso relatado na série divulgou pelo Twitter evidências que podem dar a liberdade ao seu cliente.
Bônus Adam Sandler
Como diria Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii) na música Surfando Karmas & DNA: “Na falta de algo melhor, nunca me faltou coragem” ou “Na falta de algo melhor, inventei a minha liberdade”. Não há, dessa vez, uma obra protagonizada de alguma forma por Adam Sandler para indicar, então, com coragem e inventando essa minha liberdade, recomendo assistir aos filmes protagonizados por ele de forma seriada, maratonada, um atrás do outro. Tudo bem, a gente pode fugir de tormentos como The Ridiculous 6 e Cada um Tem a Gêmea que Merece, mas há filmes ótimos, como o Os Meyerowitz: Família não se Escolhe e as animações capitaneadas pelo fantástico Genndy Tartakovsky: Hotel Transilvânia e Hotel Transilvânia 2 (o primeiro entrou há pouco no catálogo). Valendo ou não a forçada de barra, ficam as indicações.
Menções honrosas badaladas (ou não):
- Mindhunter: Poderia estar na lista principal facilmente. Talvez não esteja por ter sido bem incensada quando do seu lançamento, tendo a direção de David Fincher em seis episódios até o momento. Uma série fantástica para quem procura uma temática parecida com a de Making a Murderer, mas de forma ficcional e de muito bom gosto na produção.
- The Crown: Para quem gosta de dramas biográficos, história da aristocracia… os roteiros de The Crown são uma aula de escrita de diálogos e ainda contam com Claire Foy absolutamente incrível em sua interpretação como a Rainha Elizabeth II.
- Sense8: Talvez a mais original e, muito provavelmente, aquela com os fãs mais fervorosos. A verdade é que se trata de uma série excepcional, que até demora um pouco para engrenar, mas quando o faz… é de um magnetismo exuberante.
- Demolidor: Se um bom vilão é quase garantia de que tudo vai dar certo, Demolidor conta com aquele que talvez é o melhor vilão de qualquer série sobre um super-herói no catálogo da Netflix. Sua primeira temporada é um acerto gigante da parceria Netflix e Marvel. Tudo é muito bem encaixado e, claro, Vincent D’Onofrio encarna o Rei do Crime com uma profundidade que remete ao Coringa de Heath Ledger para Batman: O Cavaleiro das Trevas. Essencial.
- Ozark: para quem ficou com saudade após o fim de Breaking Bad, pode valer a pena. Mas é necessário levar em consideração que o tom sombrio de Ozark, inclusive a sua estética, está longe de ter tantas camadas quanto Walter White e companhia.
- House of Cards: O jogo político das primeiras temporadas vale cada minuto, mas a série acaba perdendo muita força em sua reta final. De qualquer forma, vale a pena… e é outra com o dedo de David Fincher.
- Stranger Things: Talvez dispensando apresentações, uma das mais queridinhas séries do catálogo da Netflix é uma boa pedida especialmente para o público saudoso do cinema realizado nos anos 1980 e que, como eu, é apaixonado pela Winona Ryder. Sem falar na mistura gloriosa de terror, ficção científica, comédia e romance. Pode ser viciante.
- Sex Education: A última das queridinhas, Sex Education trata de tantos temas relevantes que sua existência é um presente para a humanidade. Pode até ser um pouco travada ou pouco original em questões técnicas, mas isso passa a ser quase que completamente irrelevante dada a força e a complexidade dos personagens.
Ficam, então, as indicações e o espaço dos comentários para acréscimos e tudo o que desejarem. Sem dúvida, como sempre ao fazer uma lista, foi dolorido, mas tenho certeza que vocês conseguirão complementar e enriquecer tudo o que está aí.
Bons (ou ruins?) séries para nós!
Leia a matéria no Canaltech.
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As 5 melhores séries originais da Netflix Publicado primeiro em https://canaltech.com.br
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