Depois de tantas polêmicas, hoje já é quase conhecimento geral que o modelo de negócio do Facebook depende da coleta de dados dos usuários, mas de acordo com uma descoberta recente, essa coleta nem sempre era feita de um modo exatamente ético: a empresa utilizava um app chamado Facebook Research, que concedia ao Facebook permissão para acessar completamente qualquer dado dos smartphones de seus usuários, e em retorno essas pessoas ganhavam vale-presente no valor de US$ 20.
Isso queria dizer que, por US$ 20 dólares mensais, o Facebook tinha acesso a todas as suas fotos, histórico de internet, mensagens enviadas e recebidas, ligações e qualquer outra coisa que você fizesse no celular.
Logicamente, o Facebook Research não estava presente na App Store, porque as diretrizes da Apple impedem que qualquer aplicativo que exija tanto acesso aos smartphones do usuário seja disponibilizado na loja. Mas isso não impediu o Facebook de utilizar o app com os usuários de iPhone: aqueles que possuíam o aparelho da Apple podiam usar um “atalho” para fazer a instalação, que exigia algum conhecimento técnico para efetuar o procedimento mas permitia desviar de todas as “travas” impostas pelos sistemas da Apple.
Após reportagem desta quarta-feira (30) em que o Business Insider revelou a existência do programa, em um primeiro momento o Facebook defendeu a existência do app, mas revelou que ele já não podia mais ser instalado em qualquer aparelho da Apple — mesmo utilizando o tal atalho. Mas, ainda que o Facebook tenha defendido que a decisão de finalizar o programa nos iPhones tenha sido algo interno da empresa, não foi essa a história contada pela Maçã.
De acordo com a empresa de Cupertino, o Enterprise Developer Program — que permitia que usuários contornassem as proteções da App Store para instalar o Facebook Research nos iPhones — havia sido criado como uma forma de ajudar os desenvolvedores a instalar para testes programas que ainda não estavam completos e que, por isso, poderiam não satisfazer a todas as exigências de segurança da App Store. Como o Facebook usou essa ferramenta para instalar um aplicativo nos aparelhos de pessoas que não eram funcionários e nem possuíam qualquer vínculo empregatício com a empresa, a Apple puniu essa violação de conduta com a retirada do certificado de uso do Enterprise Developer Program do Facebook, o que impede o acesso da empresa à ferramenta.
Isso não quer dizer que o Facebook não faz mais parte da App Store. O app continua lá na loja, sem alteração nenhuma. O que acontece é que, agora, os desenvolvedores da empresa não poderão mais “burlar” as defesas da Apple para fazer testes em apps que ainda estão em desenvolvimento, independente deles terem ou não relação com o Facebook Research.
Ainda que seja estranho ver duas empresas desse porte disputando sobre “quem terminou com quem”, é importante frisar que o CEO de ambas (Mark Zuckerberg, do Facebook, e Tim Cook, da Apple) já possuem um relacionamento conturbado, pois diversas vezes Cook já acusou o modelo de negócios do Facebook de ser abusivo para com seus clientes, enquanto Zuckerberg responde que abusivos são os preços cobrados pela Apple em seus aparelhos. E, pelo jeito, essa polêmica do aplicativo de coleta de dados do Facebook não irá ajudar a tranquilizar a relação entre os dois.
Facebook e Apple brigam por causa de app que coletava dados de usuários Publicado primeiro em https://canaltech.com.br
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