segunda-feira, 29 de abril de 2019

Facebook começa a liberar informações privadas a grupo limitado de pesquisadores

No final do ano passado, o Facebook havia anunciado a criação de um conselho de pesquisa (SSRC) funcionando junto com o Social Science One para ajudar pesquisadores interessados em dados da rede social a conseguir trabalhar com estes números de forma segura. Agora, a empresa anunciou quem são os 60 pesquisadores de 11 países que podem ter acesso a dados privados de usuários com o objetivo único de realizar pesquisas.

Ao todo, serão 30 instituições que poderão trabalhar com dados que serão revisados e acompanhados pelo SSRC. Os nomes estão abertos no site do Facebook, sendo que o trabalho do professor Pablo Ortellado, da Universidade de São Paulo, está na lista. Ele coordena o grupo do Monitor de debate político por meio digital e vai contar com acesso às informações da rede social.

O Facebook mostra cuidado em seu anúncio, após as polêmicas levantadas em relação ao uso de informações pessoais que levaram ao escândalo da Cambridge Analytica, quer resultou em uso indevido de dados de mais de 87 milhões de pessoas. No caso do ano passado, a empresa também havia tido acesso às informações sobre o pretexto de pesquisa estritamente acadêmica.

Com isso, a rede social resolveu criar um conselho externo em parceria com um grupo independente. “Para garantir a independência de pesquisa e pesquisadores, o Facebook não vai desempenhar qualquer papel na seleção dos indivíduos e seus projetos, bem como não terá ao direcionar financiamentos e conclusões para os trabalhos”, apontou Elliot Schrage, vice-presidente de projetos especiais do Facebook em comunicado.

O objetivo é levar para frente iniciativas de entender o papel de redes sociais em eleições, não só para o Facebook, como para outras redes sociais. Para isso, o Facebook disse que está construindo há meses uma infraestrutura através da qual pesquisadores podem ter acesso a dados de uma maneira segura, dentro dos padrões de privacidade.

O comitê buscou práticas que não permitem identificação pessoal, além de sistemas de segurança para acesso dos dados, inclusive por autenticação em dois fatores e uso de VPN. Ou seja, não é uma plataforma de acesso de qualquer usuário. O desafio era fazer o tratamento destas informações sem que isso pudesse inferir nos resultados das pesquisas.

Os pesquisadores terão acesso a três ferramentas do Facebook. A primeira é o CrowdTangle, através da qual podem acompanhar a popularidade de notícias e outros posts públicos. Com uma API, é possível que eles consigam coletar dados de informações que julgarem importantes para seus trabalhos. Tais informações podem vir de Facebook e Instagram.

Outra ferramenta é relacionada a publicidade. Chamada de Ad Library API, a ferramenta vai contar com dados de publicidade relacionados a políticos no Facebook em vários países, incluindo o Brasil.

Por fim, o Facebook URLs Data Set é a ferramenta mais robusta na qual os dados de usuários serão agregados de forma anônima. O pacote inclui URLs que foram compartilhadas pelo menos 100 vezes por usuários únicos, contendo o próprio link além de estatísticas sobre ele. O pacote também vai trazer informações de agências de checagem de fatos sobre cada um dos links apresentados neste pacote.

Isso mostra que o Facebook está preocupado em garantir acesso aos dados privados para pesquisa, mas que isso não deve acontecer de forma aberta como era antigamente, limitando bastante a forma e os dados a que pesquisadores podem ter acesso.

Leia a matéria no Canaltech.

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