quinta-feira, 28 de março de 2019

Juros, taxas e menos fraudes são segredos de lucratividade do Apple Card

A promessa de um cartão de crédito com tarifa zero, cashbacks e descontos especiais chamou a atenção de muita gente para o Apple Card, mais, até, do que o inesperado anúncio em si. Revelado em um evento na última segunda-feira (25), o cartão de crédito da Maçã estará disponível aos usuários dos EUA nos próximos meses e levantou uma pergunta: com tanta vantagem, como exatamente a empresa vai ganhar dinheiro?

A resposta é mais simples do que parece e, também, mais parecida com o mercado tradicional do que a companhia deseja parecer. Basicamente, de acordo com especialistas no mercado financeiro ouvidos pelo Business Insider, são três os principais pilares de lucratividade do Apple Card (mas não os únicos): as taxas de juros do rotativo, as taxas cobradas aos lojistas e a menor quantidade de fraudes por conta do aspecto digital e mais seguro da solução.

Começando por aquilo que está presente já nas letras miúdas do próprio Apple Card. De acordo com os termos de uso, as taxas de juros do rotativo do cartão variarão entre 13,24% e 24,24%, valores que estão na média do mercado americano (e abaixo do brasileiro, que é, em média, de 27% ao mês). Sendo assim, uma das vontades da Maçã é que os usuários trabalhem com suas faturas, realizando pagamentos mínimos e fracionando acertos de forma a incorrerem na cobrança, que vai direto pros bolsos da companhia.

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Na sequência, vêm as taxas, que não são cobradas dos usuários na forma de anuidade, mas serão pagas pelos lojistas, da mesma forma que atua qualquer outra bandeira de cartão de crédito. Esse dado ainda não foi divulgado pela empresa, mas, no mercado americano, são praticadas tarifas de 2% por transação – no Brasil, esse número é de até 4% para transações no crédito e de 0,5% a 1% para o débito. Novamente, dinheiro que vai diretamente para a conta da Apple.

Por fim, os especialistas citam uma menor incidência de fraudes e golpes no uso do Apple Card, que gerarão menos gastos para a empresa na operação. Como os cartões não possuem números tradicionais e as transações são verificadas por meio dos sistemas de segurança do iOS, a incidência de clonagens, furtos e outras atividades criminosas deve cair bastante, resultando em menos reembolsos ou estornos e maior economia.

Ainda, existem outros fatores a serem levados em conta, principalmente, a existência de uma base instalada de usuários ávidos para usarem a solução de pagamento mobile. No Brasil, por exemplo, apenas três dos grandes bancos aceita o Apple Pay, e nem mesmo as fintechs já embarcaram nessa onda, o que acaba frustrando clientes em busca de inovação. A chegada de uma solução da própria Maçã interessa e muito a usuários com esse perfil, que devem aderir diretamente à novidade sem a necessidade de grandes gastos com marketing e comunicação.

Como toda a solução é digital, a Apple também deve ter mais facilidade em prestar suporte e, também, verificar tentativas de fraude, por meio de sistemas embarcados de localização. Novamente, se tratam de elementos que geram grandes gastos para as emissoras de cartões de crédito, mas que já fazem parte do ecossistema da companhia, tornando os ganhos obtidos por ela com os cartões maximizados.

Por enquanto, não existe previsão de lançamento do Apple Card no Brasil e até mesmo a chegada da modalidade nos EUA é incerta. Por lá, a empresa fala apenas em uma disponibilidade no “verão”, ou seja, entre o final deste primeiro semestre e o início do segundo, mas sem uma data precisa.

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